Homus Virtuallis
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Temos assistido, ao longo do século XX, a um processo constante de mediocrização das escolas. Criadas para substituir um ausência dos pais, ocupados demais em seus papéis de trabalhadores, dentro de uma estrutura social capitalista. Na realidade estes pais estão imersos na lógica mercantil, fordista-taylorista, e têm que relegar seus filhos às escolas para o aprendizado que deveriam ter em casa. A escola apareceria como um substituto do processo educacional que deveria ser feito em casa, pela família e pelos pais, de forma espontânea e natural.
Na escola, no modelo atual, as crianças passam a ser enjauladas, dentro dos muros das escolas em que não têm autônomia de produção de conhecimento. O professor aparece como um mestre e autoritariamente impõe um conhecimento que não desperta o mínimo gosto e prazer nos jovens alunos. Enfileirados, seguindo o modelo espartano, de disciplina e qualificação, são classificados em números que não refletem as múltiplas capacidades ou potencialidades que os jovens alunos poderiam desenvolver. Poderíamos dizer que nossas escolas tradicionais matam a criatividade dos nossos alunos, tornando-os meros téncicos de um saber medíocre, preparando-os para passar em exames medíocres, que os levaram à faculdade. Os jovens entram com múltiplas integências e potencialidades nas escolas, e saem de lá apenas mais um parafuso na engrenagem do mercado.
A cabeça do ser humano, quando criança, se move por curiosidade, pela busca pelo prazer. A busca pelo modelo da escola 2.0., ou da escola do futuro, escola ativa, conforme sonhado por Jean Piaget, deve buscar a construção autônoma da aprendizagem. Também foi sonhado pelo método Montessori algo parecido com isso. Mas agora temos que enfrentar as tecnologias. Temos que aprender em co-operação com nossas crianças e nossos jovens.
Falar em novas tecnologias em educação é dizer de uma escola sem muros, é falar de uma escola sem muros. A sociedade foi inundada pela internet e pelas novas tecnologias, hoje, os jovens se divertem e interagem através das técnologias móveis. Como, então, adaptarmos nossas escolas a esta nova realidade?
Abrindo os muros e mudando os paradigmas. Primeiro, mudando o curriculo. Não mais forçar os alunos a aprender conhecimentos que venham de fora dos alunos, mas descobrirmos o que movem nossos estudantes, em suas múltplias dimensões. Um currículo mais aberto, que englobe as múltiplas potencialidades e que não seja baseasdo exclusivamente na repetição.
O segundo passo é uma mudança na mentalidade dos esducares. Educar é colaborar. è ajudar o aluno a ampliar seu conhecimento. Tratamos aqui de algo que deve ser uma política pública, uma vez que a formação de professores deve ser a prioridade das universidades. O educardor é fundamentamente um parceiro da criança no seu desenvolvimento de suas potencialidades.
Mudando o papel do educador, a estrutura da escola deve mudar-se. Não há lógica em um ensino infantil, enisno, fundamental, ensino médio. Deve-se pensar em competências e habilidades, não em conteúdos medíocres. E aos poucos a socialização das crianças será feita de acordo com sua plenitude, não de acordo com os padrões e normas sociais.
Existem ainda, os recursos educacionais abertos, uma possibilidade de aprendizado contínuo e autônomo, que inculuí a tecnologia para despertar a curiosidade e prazer no aprendizado dos jovens. Desde um celular a um tablet e um computador, os jovens podem, autonoma, e livremente aprender segundo suas próprias necessidades.
Não, as escolas não vão substituir os pais. Sim, abramos os muros das escolas!
sábado, 21 de julho de 2012
Tropicalismo Antropofágico
sábado, 28 de janeiro de 2012
Educação x Tecnologia ?!
“Se a educação sozinha não pode transforma a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”. O pensamento de Paulo Freire, um dos maiores educadores que o mundo teve a honra de conhecer, ganha novos contornos nos dias atuais. A avalanche digital que inunda a sociedade – e que não pode mais ser ignorada – impõe um desafio existencial aos educadores.
Como Paulo Freire professava, educação e sociedade andam de braços dados, as transformações sociais levam a novas práticas educacionais, as práticas educacionais têm a potencialidade de transformar realidades sociais. Mais do que uma via de mão dupla, educação e sociedade são como linhas que se entrelaçam para dar origem a algo que não pode ser resumido em nenhuma das linhas que o formam. É uma relação mais que dialética. Nestes entrelaçamentos está um potencial revolucionário (no sentido de transformação do mundo e das ideias) único. Por outro lado se pensarmos com todas uma tradição que vai de Rousseau a Freud, transitando por vários conceitos e teoria, educação é também sinônimo de aculturação, ou seja há sempre uma dose de “adestramento” dos impulsos em favor do convívio em sociedade no processo educacional
Tendo em vista estas duas características do processo educacional, seu potencial revolucionário e sua dimensão psicológica, como pensar o papel do educador em meio ao mundo virtual-tecnológico em que seus alunos vivem? A primeira postura, defensiva e instintiva, é eleger o inimigo. Tecnologia e educação seriam opostos. Afinal de contas em 90% do tempo em que estão em contato com as ferramentas tecnológicas, somente banalidade e futilidade fluem das telas para as mentes dos aprendizes. Ou ainda pior: os meios de comunicação se tornaram extremamente perigosos, expondo os jovens a uma sorte de males. Definitivamente pais e educadores devem restringir o acesso a esses meios, são os guardiões que podem proteger os jovens dos perigos do mundo digital. Argumentos medrosos, de pais e educadores covardes, que não percebem que a restrição não funciona, pois por toda a volta eles sempre encontrarão uma oportunidade de plugar-se.
Ao invés de eleger um inimigo, cabe incorporar os atrativos digitais no processo educacional. Antes de condenar, buscar entender a motivação criada pela virtualidade. O primeiro passo. Vale lembrar que as tecnologias são apenas um meio. Quem pode dotá-las de funcionalidade e conteúdo, são os homens. Daí o papel de vanguarda da educação. Somente ela pode preencher o virtual com a densidade do conhecimento. Daí a possibilidade revolucionária da educação se utilizar da tecnologia para produzir transformações sociais. Usar a linguagem, as ferramentas para cativar os aprendizes, instigando-os a uma postura crítica frente até mesmo à tecnologia.
No caso contrário, a educação será cada vez mais um adestramento, um processo de criação de seres alienados e neuróticos, que freqüentam as escolas por freqüentar, fazem as tarefas por fazer, mas não se sentem estimulados, nem levam algo para além dali. Seres robóticos, fascinados pela tecnologia, mas sem um pensamento crítico. Salve! Precisa-se urgente de educadores! Senão, como dizia Darcy Ribeiro: “O professor finge que ensina e o aluno finge que aprende.”
sábado, 14 de janeiro de 2012
Digitalidade, autoria e conhecimento
A ideia de “digitalidade” surge como um conceito-paramêtro para medir o nível de inserção das pessoas no mundo tecnológico. Sem ancoragem bibliográfica, sem o apadrinhamento de um grande teórico, ainda assim pode ser extremamente útil para aqueles que desdenham dos rigores metodológicos dos intelectuais. Até mesmo porque estes intelectuais, em sua maioria, estão no primeiro estágio de sua digitalidade, ainda não estão inseridos na lógica dos wikis, blogs e fóruns, onde o conhecimento é produzido coletivamente, para o bem e para o mal. Nos guiarmos pela lógica dos dinossauros analógicos acadêmicos apenas restringirá a potencialidade de nossas percepções criativas.
Num nível avançado de digitalidade, até mesmo a noção de autoria se dissolve. Não o autor, mas sim a autoria. A noção de construção coletiva é elevada. As citações, interações, recriações, adaptações, livre-associações, fazem do texto uma estrutura desestruturada, aberta, interativa, onde não há espaço para egoísmos e egocentrismos. Imagine all the world sharing knowledge... No estágio primitivo da digitalidade os homo, que se dizem sapiens, conhecimento é poder individual. No estágio avançado, conhecimento é sinônimo de coletividade. O instinto virtual é coletivo.
Dentro deste instinto, o pensamento torna-se propriedade comum, imerso nas teias da web. Basta um bom instinto de pesquisa, e o conhecimento acumulado em mais de vinte séculos está na palma de sua mão, via 3G. Um comentário em um blog, fórum ou rede social, pode-nos levar a conhecer um universo antes desconhecido. Uma citação nos leva a um autor, que conseguimos baixar gratuitamente em PDF. Dali podemos ir a um sebo, e acharmos uma edição de 1929, do desconhecido, mas genial autor argentino José de Ingenieros. E todo o academicismo, toda burocracia de referenciar-se bibliograficamente cai por terra. E por vezes os eruditíssimos acadêmicos se escondem em seus gabinetes, ao invés de participarem da construção coletiva do conhecimento. Não são todos que tem a coragem de pôr a cara a tapa.
Mas a avalanche tecnológica não é, nem deve ser um fim em si mesmo. Mas como é um meio com alto potencial! Revolucionário. E sem o determinismo darwinista, mas os dinossauros analógicos devem se preocupar, pois, It´s Evolution, baby! Porque escrevermos uma dissertação, se podemos dissertar sinteticamente diariamente, com ideias tão subversivas, livres e calcadas em sólida base, em algumas linhas de um blog. Os perigos da difusão estão aí. Não mais os seres precisam ser um vazo vazio, a ser preenchido pelas opiniões elevadas dos intelectuais, professores, jornalistas, políticos. Eles têm a informação, e muita informação na web. Eles se tornam críticos, debatem virtualmente, polemizam. Se deslobotomizam, e quão periculoso isto não pode ser para os dinossauros analógicos...
sábado, 10 de dezembro de 2011
Mobile Revolution
sábado, 3 de dezembro de 2011
Antropofagia da web
sábado, 26 de novembro de 2011
CTRL V e pensamento crítico
A velha máxima professada em tempos longínquos por Lavoisier que “no mundo nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”, foi ressignificada na sociedade digital do século XXI, e sua melhor expressão se deve à genialidade do Chacrinha: “nada se cria, tudo se copia”. É o imperativo do CTRL C + CTRL V, a lei do menor esforço do pensamento, as pesquisas baseadas no “doutor gooogle”. Há, ao menos, dois aspectos na lógica do CTRL V: o primeiro a questão da recriação, da citação, da agilidade na busca de informações, esta menos sombria. O outro é a do mero ato de copiar e colar, nome do comando CTRL V, colar sem pensar, às vezes sem ler, reproduzir sem criticar, algo muito funesto para o pensamento crítico.
O que se denominou acima pensamento crítico, poderia ser resumido na formação de seres humanos autônomos, dotados de criatividade, capazes de ler, interpretar e criticar as informações que recebem seja no mundo da web, seja em qualquer outra fonte de informação. O antípoda disto é a disseminação do homem medíocre, que não consegue filtrar as informações criticamente, reproduz apenas o que recebe, sentindo-se senhor da verdade (ainda que seja uma verdade alheia a ele), não consegue criar nada apenas copiar de alguém e colar como se tivesse dito tão nobres palavras. Nesta dualidade encontra-se o paradoxo fundamental da geração CTRL V.
Comumente se ouve nas ruas que a geração dos nativos digitais não conseguiu até hoje produzir um grande gênio que esteja fora das teias virtuais. As referências passam a ser a grande maçã de Jobs, que já traz a máxima capitalista no seu sobrenome, ou quem sabe um Bill Gates, que num ato de nobreza decide compartilhar um porcento da sua riqueza em obras de caridade. Na música as referências são... Quem mesmo? Lady Gaga? Bieber? Prefiro ficar gagá e tomar uma bier... Não professo uma visão catastrófica, mas os ídolos e referências da cultura pop estão diretamente ligados à lógica do CTRL V. Os artistas, pensadores e intelectuais, cada vez mais não conseguem a espontaneidade do pensamento criativo, se refugiam no passado, em referências e mais referências, que acabam por diluir a pedra de toque da liberdade: a ruptura com uma estrutura de pensamento e ações pré-estabelecida. Assim o fizeram várias figuras num tempo não muito distante, dos Mutantes a Tom Zé, de Vinicius, Jards Macalé, os irmãos Campos a Arnaldo Antunes. Assim o fez, no ínicio do século XX, Walter Benjamin, filósofo alemão morto precocemente na Segunda Guerra.
Benjamin, bem antes do surgimento da lógica do CTRL V, pautava seus estudos através da citação. Queria escrever uma obra inteira com citações. Mas ele estava longe da idéia da mera cópia passiva e desinteressada. Sua noção de citação significava retirar as ideias de um contexto original, adaptando-as a um novo contexto, colocando-as em diálogo com outra constelação de ideias. E assim, numa linguagem digital, ir linkando dialéticamente ideias diferentes para a construção de um argumento novo. Há aqui pensamento, há criação. É o que Oswald de Andrade buscou, é o movimento antropofágico de devorarmos o velho em nós mesmos para criação do novo. Se o CTRL V significasse este movimento de ideias, aí sim seria um movimento profícuo. Cópia por cópia, o conteúdo se esvai, não cola no cérebro de quem copia. E pior, atrofia cada vez mais este cérebro copiador, preguiçoso, que não sente o ímpeto de se deslocar à procura da criação. Apoiados nos filósofos Oswald e Benjamin, talvez pudéssemos pensar: “Nada se cria, tudo se cita, tudo se absorve, tudo se recria”. Antropofagia do pensamento.